"Coartem Baby". Aprovado o primeiro tratamento para bebés contra a malária

Foi aprovado o primeiro tratamento contra a malária adequado para bebés e crianças muito pequenas. Chama-se Coartem Baby. O medicamento está pronto para começar a ser administrado e estima-se que seja lançado em países africanos dentro das próximas semanas. Até agora, não havia fármacos aprovados para a malária especificamente com dosagem para bebés.

RTP /
Feisal Omar . Reuters

O medicamento, conhecido como Coartem Baby ou Riamet Baby em alguns países, foi desenvolvida pela Novartis em colaboração com a Medicines for Malaria Venture (MMV), uma organização sem fins lucrativos com sede na Suíça, inicialmente apoiada pelo Banco Mundial e pela Fundação Rockefeller. Esta investigação contou também com a colaboração dos governos do reino Unido, Suíça e Países Baixos.

Oito países africanos também participaram na avaliação e nos ensaios da droga e espera-se que estejam entre os primeiros a terem acesso ao tratamento.

Até agora, não havia nenhum fármaco especificamente para ser administrado a bebés mais novos e crianças de tenra idade, que pesassem menos de 4,5 quilogramas. 

Caso precisassem de tratamento era lhes aplicado “versões formuladas para crianças mais velhas, o que apresentava um risco de overdose” disseram os especialistas.

O medicamento Coartem Baby, desenvolvido pela empresa farmacêutica Novartis, traz um novo fôlego ao tratamento da malária, sobretudo entre os mais novos. Aprovado pelas autoridades suíças, a fórmula para bebés deverá ser lançado nas próximas semanas em regiões e países com as maiores taxas de malária.
2023: a malária fez meio milhão de mortes A malária é causada por parasitas do género Plasmodium e transmitida pela picada de mosquitos infetados.

Os números mais recentes disponíveis sobre a doença referem-se ao ano de 2023 e registam pelo menos 597 mil mortes associadas à malária.

Quase todas as mortes ocorreram em África, e cerca de três quartos delas vitimaram crianças menores de cinco anos. Os especialistas explicam que acontecem estes casos porque existia uma "lacuna de tratamento".

“Durante mais de três décadas, mantivemos o curso na luta contra a malária, trabalhando incansavelmente para entregar avanços científicos onde eles são mais necessários”, disse o presidente-executivo da empresa, Vas Narasimhan.

“Juntamente com os nossos parceiros, estamos orgulhosos de ter ido mais longe para desenvolver o primeiro tratamento clinicamente comprovado da malária para recém-nascidos e bebés jovens, garantindo que até mesmo os menores e mais vulneráveis possam finalmente receber os cuidados que merecem”, acrescentou Narasimhan realçando que este é um momento importante.

Martin Fitchet, CEO da MMV, reitera que o novo tratamento é mais um passo importante no caminho para acabar com o aumento da malária.

“A malária é uma das doenças mais mortíferas do mundo, particularmente entre as crianças. Mas com os recursos e foco certos, a enfermidade pode ser eliminada”, defende Fitchet.

“A aprovação do Coartem Baby fornece um medicamento necessário com uma dose otimizada para tratar um grupo de pacientes negligenciado e oferece uma adição valiosa à caixa de ferramentas antimalária” afirma. A fórmula do Coartem original usa uma associação de artemether e lumefantrine.

Marvelle Brown, professora associada da Escola de Saúde, Medicina e Ciências da Vida da Universidade de Hertfordshire, em Inglaterra, observa que este fármaco deve ser encarado como um grande avanço para salvar a vida de bebés e crianças pequenas.

“A taxa de mortalidade por infeções por malária, particularmente na África Subsaariana, é extremamente alta – mais de 76 por cento das mortes ocorrem em crianças menores de cinco anos de idade” aponta.

“O aumento das mortes por malária é agravado em bebés nascidos com doença falciforme (obstrução de pequenos vasos sanguíneos pelos glóbulos vermelhos em forma de foice), principalmente devido a um sistema imunológico fraco”, argumenta.

A Novartis tem planos de introduzir sem fins lucrativos o Coartem Baby em alguns países africanos.

Se assim acontecer, Brown sustenta que “do ponto de vista da saúde pública, a Novartis pode ajudar a reduzir a desigualdade no acesso aos cuidados de saúde”.
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